Quando estamos mal em casa, levamos de alguma forma esta negatividade à empresa, e o contrário também. É humano, é natural. Agora pense por uns instantes, fechando os olhos: o que vai mal com você ou empresa, ou família? Dinheiro? Crise conjugal? Com filhos ou parentes? Doença? Por que isto ocorreu? Perceba que há situações que dependem menos de você, são fatalidades, embora Carl Jung não acreditasse piamente em coincidências.
Quanto do que está ocorrendo hoje a sua volta, foi criado por você? Quanto você contribuiu para que surgisse esta situação? Ou quanto você deixou rolar e agora virou uma bola de neve? Você escolheu seu parceiro! A vida que você leva é sua ou alguém lhe impõe? Por que você permite? Chorar o leite derramado é improdutivo, mas deve-se entender as razões e as causas para não repeti-las. Vejo pessoas enfrentando relacionamentos péssimos, separam-se, e encontram novamente pessoas muito parecidas para conviver, seja namorado ou sócia.
Parece que são imãs atraindo sadins a sua vida (negativistas, complicadinhos, reclamações ou dependentes). Masoquismo? Não, isto significa falta de autoconsciência, falta de se conhecer. Infelizmente as pessoas estudam matemática, história, inglês, química, biologia, física, mas raramente psicologia. Sofremos de analfabetismo psicológico.
Por que isso acontece?
Quando prestamos consultorias às empresas, 99% dos casos de insucesso são devidos à cabeça do empresário. Em geral turrão, teimoso, armado, bloqueado, não dá o braço a torcer, e em geral reclama dos empregados, da economia, da família, e raramente dele mesmo. É o que Julian Rotter estudou como “lócus de controle da mente”, ou seja, alocam os conflitos mentais para fora dele, e não para dentro, assumindo a responsabilidade ou culpa.
Existem inclusive os casos em que os consultores desistem dos clientes empresários, pois não querem enxergar que o problema da empresa é exclusivamente a forma dele pensar sobre os negócios. Os coaches de carreira e de negócios sabem muito bem disto, pois enfrentam um desafio ao ajudar o coachee (cliente) olhar para dentro de si e mudar seus pensamentos, observar seus bloqueios mentais em relação a alguns conceitos.
É algo tão enraizado, de décadas, que mudar significa muita dor. Poucos enfrentam este período de transição. É tomar o remédio amargo por alguns dias, mas depois se curar. Alguns precisam de acompanhamento psicológico profissional, pois seus pensamentos tornam-se bastante conflituosos.
Converse com quem mudou de vida, mudou de atitudes, resinificou seu padrão social, e entenderá bem, além de compreender a nova vida, a conquista de estabelecer novos patamares para si e para a família. É algo lindo de ver, gente que mudou da água para o vinho, que saiu da mediocridade, da reclamação, para o otimismo, para a fé na vida, na humanidade, que começa a viver algo nunca antes experimentado.
Marco Antonio Gioso
FMVZ-USP