Se analisarmos o comportamento humano, sempre haverá os 8 e os 80, bem como os 7 ou 70 e os do contra tudo e contra todos. O que é incrível ainda neste século é ver gente que simplesmente não aceita comportamentos alheios, que em nada afetam sua vida diretamente. Basta ver os homofóbicos, os preconceituosos contra raças, religiões. Ou seja, as pessoas são mesmo diferentes nos seus raciocínios, nas suas crenças e valores de vida. Porém, muitas não fazem o que os sábios aprenderam em sua trajetória humana: aceitar as pessoas como são. Muitos não aceitam nem a parentes e amigos.
Jürgen Habermas
Usando dos conceitos do grande filósofo alemão Jürgen Habermas: para sermos competentes como seres humanos devemos em primeiro lugar ter domínio sobre nós mesmos. Para tal deve-se fazer a auto-observação. Enxergar seus comportamentos, diários e modifica-los paulatinamente. E não simplesmente usar da frase: “sou assim mesmo, e quem gosta de mim tem que gostar do jeito que sou”. Isto mostra muito do caráter da pessoa.
Em segundo lugar, por Habermas, devemos ter o domínio sobre o “nós”, na relação com as pessoas. Este passo é tão mais difícil quanto menos nos observamos e temos pouca consciência sobre nosso jeito de ser. A essência de nos dar bem com os outros é a abertura a ideias dos outros, e apreciação, tentar entender a perspectiva do outro, ouvir, e não falar (escuta-ativa). Quem torna-se sábio entende perfeitamente algo muito bacana: o silêncio. Como me dar bem com os outros se mais falo que escuto? Pessoa que dizem não gostar de ficar sozinhas dificilmente chegam perto da sabedoria.
Vocação ou negócio?
Assim, com este preâmbulo, ser veterinário por vocação é maravilhoso, bem como ter um negócio de veterinária também. Ocorre que existem os que apenas aceitam um modo de ser. E pior que não aceitar o outro jeito, é discriminar, condenar. É nítido o processo projetivo que alguns usam ao criticar o que ela ou ele não é. Mas passa despercebido por ele, é sua zona cega da Janela de Johari. Ficam nervosos, e se fecham quando são confrontados com seus comportamentos, em geral atacam.
Quem tem por vocação ser veterinário, isto é, adora de fato lidar com pessoas e animais (na mesma proporção), ama cuidar, diagnosticar, tratar e outros. E se por ventura também começar a gostar de negócios, dos números, terá plena capacidade de obter rendimentos bastante satisfatórios para si e sua família, encontrará qualidade ótima de vida e prestígio social. Estes não trabalham de fato. É como um jogador de futebol profissional de ponta. Ama jogar bola, e ainda ganha muito bem por isto. É fazer um hobby que rende economicamente. Uniram vocação e negócio. O importante é: quem apenas tem uma destas características, conseguir aceitar que o outro seja diferente dele.
Negócio do futuro
O veterinário jovem, pelas pesquisas da Cia de Talentos de 2013, mostra-se um profissional (até 26 anos), que quer de fato qualidade de vida, crescer no trabalho, ser responsável, mudar de empregos a cada 2 anos, ter gestores competentes em suas empresas, entre outros desejos. O jovem do futuro é este. Não adianta lutar contra, usando os valores seus e de seus pais, que nasceram no século passado. O futuro é promissor, mas será diferente e mais rápido, de conexão total. Entender o jovem do futuro, e aceitá-lo é essencial para não se “dar murro em ponta de faca”. O jovem veterinário começa a entender que não basta gostar de animais, mas deve-se gostar do dono do animal, pois é ele quem paga a conta, além das pessoas que convivem conosco no ambiente de trabalho.
Logo, os que tem vocação, são os mais felizes, pois quem possui vocação de verdade, isto é, escuta a voz interna, do coração, em geral ama as pessoas, e quer compreendê-las de fato. Primeiro entender, para depois ser entendido (empatia). Se estes profissionais vocacionados unirem os conceitos de como gerir um negócio, ninguém os segura. O profissional com vocação e entendedor de negócios tem o que é mais sublime: ama pessoas, animais, a si mesmo, e consegue rendimentos excelentes, podendo ajudar a si, a sua família, e a sociedade.
Você realmente tem vocação para isso?
Fica muito mais fácil ajudar ao próximo quando se tem vocação e negócios saudáveis. Os que insistem em dizer que curtem animais, mas não pessoas, ainda estão longe de saberem o que é vocação. Mas há como mudar, resinificando atitudes de vida. A escolha é sua. Ser feliz ou ficar resmungando contra tudo e contra todos, em especial a esta profissão que tanto me dá, orgulho, prazer, e ainda posso ajudar animais e gente. Existe coisa melhor?
Marco Antonio Gioso
FMVZ-USP